OPINIÃO — Ouvimos dizer, no futebol, que quando um árbitro se destaca durante uma partida, alguma coisa não está certa. No Brasil, o país do futebol, o protagonismo de um juiz federal em casos de combate a corrupção foi alvo de críticas e louvores. Sérgio Moro, entrou para história recente do país ao condenar o ex-presidente Lula a 9 anos e 6 meses de prisão, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do Triplex do Guarujá, pela Operação Lava Jato.
Moro tornou-se o símbolo máximo da justiça brasileira, num patamar até maior que a do ex-ministro Joaquim Barbosa, que comandou a relatoria do escândalo do Mensalão na Suprema Corte, mesmo que sempre associado a partidos e personalidades políticas controversas. Em foto histórica de 2016, ele aparece num momento de total descontração ao lado de políticos acusados de corrupção como o então senador tucano Aécio Neves e o presidente Michel Temer (MDB).
De certo, um juiz de primeira instância não poderia investigar políticos com foro, mas a ligação íntima com os políticos pôs em cheque a credibilidade do magistrado.
Moro divulgou um áudio contendo uma conversa entre a então presidenta Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula, o conteúdo foi amplamente divulgado na imprensa e interferiu negativamente para ela no processo de impeachment sofrido em 2016.
Sérgio Moro atuou em tempo hábil para tirar Lula da disputa presidencial em 2018, e conseguiu, ele era o líder nas intenções de votos dos brasileiros. Em junho, ele protagonizou um imbróglio jurídico envolvendo a decisão do desembargador plantonista Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de conceder habeas corpus que não foi acatada pela instância inferior numa decisão do juiz Moro, que interrompeu suas férias para isso.
Durante o processo eleitoral, ele ainda divulgou parte da delação do ex-ministro Antônio Palocci, cujo teor criava um fato novo na campanha petista derrotada mais tarde pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.
Passada a eleição, Sérgio Moro chega ao Ministério da Justiça do governo Bolsonaro; e a moral da história? Moro sempre foi um político na Justiça e agora, sem toga, poderá ser o que sempre foi. Saudações ao novo superministro.