O senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB) contestou, durante a sessão desta segunda-feira (29) do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, o discurso em que Dilma diz ser vítima de um “golpe”. Na oportunidade, o senador perguntou ainda sobre quantas reuniões ela participou para discutir e criar o Plano Safra.
Ele afirmou que “não pode haver golpe” com uma mesa composta pelos chefes dos três poderes da República (Dilma Rousseff, Renan Calheiros, presidente do Senado, e Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal).
Segundo o senador, o processo do afastamento não começou no Congresso, mas nas ruas. “Golpe é vencer uma eleição mentindo ao Brasil. Golpe é quebrar uma empresa como a Petrobras.”
A presidente afastada afirmou que haverá um golpe parlamentar a favor do impeachment sem que haja crime de responsabilidade. “Eu não perdi a oportunidade de me defender porque estou aqui debatendo com os senhores, escutando as opiniões dos senhores”, disse.
“Não concordo com o senhor que esse processo de impeachment veio das ruas de forma espontânea. Nenhum de nós aqui é ingênuo de saber quem é que é responsável pela aceitação desse processo de impeachment”, disse ela, afirmando que houve uma “chantagem explícita” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), então presidente da Câmara.
“(…) é disso que se trata, não de movimentos de ruas, porque, infelizmente, essas mesmas lideranças, algumas delas, não todas é verdade, algumas delas, eram as mais enfáticas e esfuziantes em tirar retratos com o senhor Eduardo Cunha”, afirmou.
Dilma voltou a dizer que ela, que se afirma inocente, está sendo julgada, enquanto Eduardo Cunha ainda não o foi. “Eu, que não sou julgada por lavagem de dinheiro, por ter contas no exterior, nem tampouco por utilização indevida de aprovação de legislação ou por desvio de dinheiro público, estou aqui me defendendo na fase final do processo de impeachement. Enquanto uma pessoa pública e notoriemente que cometeu crimes está protegida. Disso, há que se envergonhar”, afirmou.
Cássio disse ainda que Dilma fez, nesta segunda, um discurso político e perdeu a chance de se defender. Segundo ele, a presidente afastada não está respondendo às perguntas, mas apenas seguindo um “script”.
Plano Safra e crise
A presidente afastada disse que não criou o Plano Safra. “É a única autorização de subvenção que não havia divergência contra ela, explícita, ao menos. Não havia questionamento da importância dele. Duro mesmo é o não reconhecimento de que houve uma crise no Brasil”, disse.
Ela também brincou durante a resposta. “Se vamos começar a mostrar tabelas, eu também vou. Vou mostrar tabelas. Não gosto de mostrar tabelas não, porque sempre me acusaram de gostar de Power Point.” Ela mostrou gráficos sobre a queda do preço do petróleo e de outras commodities, como a soja, em 2014 e 2015.
“A operação do Plano Safra, baseada nos seus subsídios, tem um efeito positivo sobre a demanda.”
Entenda
Dilma é acusada de ter cometido crimes de responsabilidade ao editar três decretos de crédito suplementar sem a autorização do Congresso Nacional e ao atrasar pagamentos, da União para o Banco do Brasil, de subsídios concedidos a produtores rurais por meio do Plano Safra, as chamadas “pedaladas fiscais”.